Submarinos: INTELI uma empresa de peritos muito questionável - TVI

Submarinos: INTELI uma empresa de peritos muito questionável

Submarino nuclear

Em fase de instrução, o MP afirma que todos actuaram em «comunhão de esforços» não desconhecendo que «as suas condutas eram punidas por lei»

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O papel INTELI no processo de aquisição dos submarinos, a sua ligação à ACECIA e à Comissão Permanente das Contrapartidas e como perita do Ministério Público, voltou a ser questionado esta terça-feira na instrução do caso, noticia a Lusa.

O relatório pericial do Ministério Público na investigação das contrapartidas dos submarinos, foi realizado pela INTELI, uma empresa privada que teve ligações ao agrupamento de empresas do ramo automóvel ACECIA, no âmbito do mesmo programa de contrapartidas.

E foi este facto que levou vários advogados a solicitar que a peritagem feita pela INTELI não seja considerada no processo.

Segundo o advogado João Perry da Câmara, «a INTELI esteve envolvida com arguidos e empresas» constantes no processo.

Para Rogério Alves, defensor de Fernando Jorge Gonçalves, da Amorim Industrial Solutions, não faz sentido a INTELI ter feito peritagens para o MP no processo, não reconhecendo o advogado validade às mesmas.

Segundo o advogado afirmou à agência Lusa, «a carência de causalidade não é susceptível de ser peritada», pelo que pediu ao juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, que «desconsidere (o trabalho da INTELI) enquanto prova pericial», até por falta de «independência» em relação ao objecto do processo.

O arguido Jorge Gonçalves também disse esta terça-feira em tribunal que «achava que a INTELI tinha sido contratada pela ESCOM - empresa do Grupo Espírito Santo - para ajudar na elaboração do contrato de contrapartidas» pela compra dos dois submarinos por Portugal.

Anteriormente dois arguidos garantiram que a entrada da INTELI no processo das contrapartidas foi sugerida pelo presidente da ACECIA, Palma Féria, falecido em 2007.

O presidente da INTELI, Rui Felizardo, é testemunha no processo.

Todos «em comunhão de esforços»

O processo submarinos/contrapartidas tem dez arguidos - três alemães e sete portugueses, considerando o MP que todos «actuaram previamente acordados, em comunhão de esforços, deliberada, livre e conscientemente, bem sabendo que as suas condutas eram punidas por lei».

Os sete portugueses acusados são José Pedro Sá Ramalho, Filipe Mesquita Soares Moutinho, António Parreira Holterman Roquete, Rui Moura Santos, Fernando Jorge da Costa Gonçalves, António Lavrador Alves Jacinto e José Mendes Medeiros.

Do lado alemão, a acusação foi deduzida contra Horst Weretecki e Antje Malinowski, da empresa Man Ferrostaal, e Winfried Hotten, com domicílio em Walmanger, Essen, Alemanha.

Em causa está a celebração de um contrato de contrapartidas entre o Estado Português e o German Submarine Consortium (GSC) e a sua execução para a compra de submarinos.

O Estado português contratualizou com o consórcio alemão GSC a compra de dois submarinos em 2004, quando Durão Barroso era primeiro-ministro e Paulo Portas era ministro da Defesa Nacional.
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