Índio Chávez  atropelou o rei? - TVI

Índio Chávez atropelou o rei?

  • Portugal Diário
  • 20 nov 2007, 22:28
Sócrates e Chávez em Lisboa (Foto António Cotrim, Lusa)

Hugo Chávez comentou várias vezes o incidente com o Rei de Espanha, em Lisboa. Disse que não se pode continuar a dizer que é o culpado por algo que não foi responsável e defende que Juan Carlos «tem de pedir desculpa» porque não se manda calar um Chefe de Estado «daquela maneira».

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[Actualizada às 8h23]

O conflito entre o presidente venezuelano e o rei Juan Carlos mereceu comentários à chegada de Hugo Chávez a Lisboa, durante o jantar, e também à partida do Chefe de Estado. Chávez explicou, em várias declarações aos jornalistas, a sua incompreensão pelo ao facto de Juan Carlos o ter mandado calar enquanto discursava na Cimeira Ibero-Americana da semana passada. «Por que no te callas», disse na altura o monarca espanhol ao presidente Chávez, que defende que não se pode mandar calar um chefe de Estado «daquela maneira».



Durante as escassas horas em que permaneceu em Lisboa para jantar com o primeiro-ministro português, Chávez realçou várias vezes que não existe qualquer conflito com Espanha, apesar de referir também que foi o rei quem «o agrediu».

«Não se pode continuar a dizer que eu sou o culpado de algo de que não sou responsável. Não se pode dizer que o índio Chávez atropelou o Rei de Espanha. Não sei porque razão rompeu com a compostura e com a diplomacia. Isso é algo que jamais ocorreu entre líderes do primeiro mundo, do segundo ou do terceiro», afirmou Hugo Chávez em declarações aos jornalistas à entrada do Aeroporto de Figo Maduro, antes de Havana, última etapa da digressão que já o levou à Arábia Saudita, Irão e França.

«Não se pode mandar calar um chefe de Estado daquela maneira. Nunca ouvi uma criança numa escola dizer a outra para se calar. Nem nas escolas isso se faz. Ele cometeu um erro e deveria assumi-lo. Todos nós nos equivocamos. Errar é humano», sustentou.

«Deve haver uma mudança de atitude. Não agredi o Rei. Foi ele que me agrediu. Viu-se a violência no rosto. Ele deveria reconhecer isso. Eu já cometi erros e já os admiti. Deveria pôr um ponto final no assunto para que tudo regresse à normalidade», acrescentou Chávez.



«Comunidade muito trabalhadora»

O Presidente venezuelano realçou a comunidade portuguesa, que diz ser «muito trabalhadora». «É uma comunidade muito trabalhadora, que vive há muito na Venezuela», salientou.

Segundo Hugo Chávez, há 110 mil portuguêses e luso-descendentes na Venezuela, uma grande comunidade sobretudo oriunda da Madeira. «Com uma comunidade tão grande e com tanto afecto, não se compreende porque é que ainda não há uma sólida relação política entre Portugal e a Venezuela», salientou.

José Sócrates agradeceu ao presidente da Venezuela as suas «constantes referências elogiosas à comunidade portuguesa», que é constituída por «homens de trabalho, bons cidadãos, que dão o seu melhor em luta pela Venezuela». «Quando Portugal olha para a Venezuela, sentimos que é um país irmão, porque vivem na Venezuela muitos dos nossos compatriotas», destacou.

Logo nas suas primeiras palavras em Lisboa, Hugo Chávez revelou o seu estilo informal, provocando risos entre os diplomatas dos dois países, ao fazer uma pergunta directa ao primeiro-ministro português: «Quanto tempo falaste tu? Cinco minutos?», questionou o chefe de Estado venezuelano, dando assim a entender que não queria quebrar o protocolo, falando mais do que o anfitrião, o chefe do Governo português.

Chávez considerou ainda os portugueses «parecidos com os venezuelanos, porque falam bastante, são de riso fácil, dão o coração e são de afecto sincero».

Medalhões de Tamboril

O jantar desta terça-feira à noite em São Bento contou com a presença do ex-Presidente da República, Mário Soares, que entrou entrou na residência oficial do primeiro-ministro no meio de grande confusão, misturado com dezenas de jornalistas portugueses, venezuelanos e espanhóis, logo após Hugo Chávez ter cumprimentado, à chegada, José Sócrates.

O ex-Presidente da República tem uma relação pessoal forte com o líder venezuelano e nos últimos meses fez vários contactos para aproximar a Galp da empresa estatal de petróleos da Venezuela.
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