Economistas consideram Orçamento Rectificativo inevitável - TVI

Economistas consideram Orçamento Rectificativo inevitável

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Painel consultado considera que documento não tem carácter de urgência

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O Governo terá inevitavelmente de apresentar um Orçamento Rectificativo, mas sem carácter de urgência, segundo um painel de economistas consultados esta terça-feira pela agência Lusa em reacção à quebra de 12 por cento das receitas fiscais anunciada pelo Executivo.

«Ainda estamos em Abril, só em Junho é que deve ser feito o ponto da situação do primeiro semestre e lançar as previsões para o resto do ano», revelou o economista Eduardo Catroga, acrescentando que «ainda é cedo para desencadear outras medidas».

«É impossível manter o orçamento tal como está»

João César das Neves, economista e professor na Universidade Católica, considerou que a apresentação de um Orçamento Rectificativo é «relativamente inevitável, já que é impossível manter o orçamento tal como está».

O economista diz que esta medida «vai ter que ser tomada. É fatal face às descidas de 14 por cento das exportações, de 14 por cento do investimento e da queda dramática da receita fiscal».

Ainda assim, César das Neves recordou que «ainda só estão sob análise os dados do primeiro trimestre e o próximo Governo é que fechará as contas, por isso, se o actual Executivo avançar com um Orçamento Rectificativo, poderá ser uma forma de politicamente sinalizar a sua consciência sobre a matéria».

«Ainda estamos muito no início do ano e a incerteza é grande face à envolvente macroeconómica nacional e, sobretudo, internacional», frisou Paula Carvalho, economista do Banco BPI. A responsável disse que «matematicamente ainda é possível ao Governo atingir a meta orçamental, se bem que isso seja pouco previsível».

«Risco de não cumprir meta orçamental é cada vez maior»

«O risco que não venha a ser possível [cumprir a meta orçamental] é cada vez maior», considerou Paula Carvalho, apesar de adiantar que não está segura «se terá que ser já» apresentado o Orçamento Rectificativo. «Talvez sejam mais evidentes as perspectivas para a totalidade do ano na viragem do semestre».

Quanto à questão sobre se deve ser este, ou o Governo que sair das próximas eleições legislativas, a apresentar o Orçamento Rectificativo, o antigo ministro das Finanças Eduardo Catroga sublinhou que «é natural que o Governo que sair das eleições e que entrará em funções em Novembro queira fazer um novo ponto da situação».

«Todos os Governos gostam de fazer um Orçamento Rectificativo gordo para dizerem que o mal já vem de trás. É uma forma de terem uma base comparável favorável em termos de evolução».

Neste ponto, César das Neves e Paula Carvalho concordaram que esta é mais uma «questão política» do que económica.
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