Carolina acusa Pinto da Costa de a tentar subornar - TVI

Carolina acusa Pinto da Costa de a tentar subornar

Carolina Salgado à entrada do Tribunal de Gondomar (Estela Silva/Lusa)

Ex-companheira garante que irmã «foi comprada pelo Jorge Nuno»

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Carolina Salgado acusou esta manhã o presidente do FCP de a ter tentado subornar para que não revelasse aquilo que viu durante os seis anos em que viveram maritalmente.

«Chegou a fazer-me uma proposta. Oferecia-me casa e montava-me um negócio (. . .) eu não falava com ninguém e nós continuávamos amigos», revelou a antiga companheira do presidente portista que situou o «suborno» por volta de «Abril de 2006», um mês após a separação.

As declarações foram prestadas durante a instrução do processo Beira-Mar/FCP em que Pinto da Costa está acusado pelo crime de corrupção desportiva activa.

«Propôs-me a abertura de uma loja em troca do meu silêncio». «Isto seria uma forma de suborno à qual eu me opus», assegurou.

Na versão da autora de «Eu, Carolina», o presidente do FCP sentiu necessidade de comprar o siliêncio da ex-companheira «dada a noção exacta e precisa» que esta tinha daquilo a que chamou «os bastidores do futebol».

«A minha irmã foi comprada pelo Jorge Nuno»

Questionada pela juíza Anabela Tenreiro (a mesma que colocou Bruno Pidá em prisão preventiva) sobre as razões que levaram ao corte de relações com a irmã gémea, Carolina respondeu de forma categórica: «A minha irmã mentiu ( . . .) prestou falsas declarações». E que explicação encontra para isso, quis saber a juíza. «Foi comprada». Por quem?, insistiu Anabela Tenreiro. «Pelo Jorge Nuno».

«A senhora perguntou-me e eu respondi», atirou ainda Carolina, após a advertência da juíza de que estava a produzir declarações muito graves.

«Tem a certeza do que está a afirmar?»

Questionada sobre a alegada visita do árbitro Augusto Duarte à casa situada na Madalena, na antevéspera do jogo Beira-Mar/FCP, a antiga namorada do presidente portista confirmou ter presenciado a entrega de um envelope com 2500 euros ao árbitro e garante que foi o «Jorge Nuno» quem lhe revelou o montante constante do envelope.

Ao longo de cerca de uma hora, Carolina explicou que recebeu os convidados à porta e que lhes serviu «café, água e chocolates», tendo presenciado, ao entrar na sala, a entrega de um «envelope branco» com dinheiro.

Garante que o árbitro ficou «muito atrapalhado» quando a viu presenciar a cena, mas que ainda assim «agradeceu o montante» que configuraria «um presentinho» para ajudar o FCP a ganhar o campeonato. «O senhor Pinto da Costa disse ao árbitro que era um jogo importante e que o FCP precisava de o ganhar».

Tem a certeza do que está a afirmar. Mesmo a certeza?», insistia amiúde a juíza perante a resposta convicta da testemunha: «Sim. Tenho a certeza porque vi. Eu estava lá».

Carolina afirmou ainda saber que mais árbitros receberam dinheiro, mas aquela foi a única vez que presenciou. «Minha querida, isto é assim que funciona», ter-lhe-á respondido Pinto da Costa.

Afinal, havia duas cómodas com dinheiro

Carolina Salgado revelou ainda em tribunal que afinal existiam duas cómodas onde Pinto da Costa guardava «dinheiro vivo». «Uma na casa da Rua Clube dos Caçadores (maior, mais clara e que aparece no livro «Eu, Carolina») e outra «mais escura, pequena e que estava na sala da Rua da Madalena», de onde terá sido retirado o dinheiro entregue ao árbitro. «Vi o Jorge Nuno tirar de lá o dinheiro e meter num envelope branco, momentos antes de o árbitro chegar», assegurou.

Refira-se que em declarações públicas, Ana Maria Salgado acusou a irmã gémea de mentir em relação ao alegado suborno, referindo mesmo que a cómoda «cheia de dinheiro vivo» a que Carolina se referia estava, afinal, numa casa diferente daquela em que teria ocorrido o suborno do árbitro.

Por volta das 14 horas serão ouvidos na 7ª Vara Cível do Porto Ana Maria Salgado, além de um ex-namorado de Carolina, Paulo Lemos, e da professora que escreveu o livro «Eu, Carolina», Maria Fernanda de Freitas.

Todos estão actualmente incompatibilizados com a ex-companheira de Pinto da Costa, acusando-a de prestar declarações imprecisas e mesmo falsas.
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