Declarações do Papa provocam onda de indignação (e agrado...) - TVI

Declarações do Papa provocam onda de indignação (e agrado...)

Papa Bento XVI em Portugal (Foto Cláudia Lima da Costa)

Várias críticas, mas também palavras de satisfação, depois de condenação do aborto e do casamento gay por parte de Bento XVI

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ACTUALIZADA ÀS 19h09

Vários sectores da sociedade portuguesa têm reagido, esta quinta-feira, às declarações do Papa em Fátima, quando apoiou medidas contra o aborto e defendeu o casamento heterossexual.

A União das Mulheres Alternativa e Resposta criticou a «ostracização» das mulheres e dos homossexuais. «A UMAR lamenta que o Papa continue no caminho de ostracização dos direitos das mulheres e das pessoas com orientação sexual diferente e que inverta os seus próprios objectivos de paz e harmonia», disse à Lusa a presidente da organização.

Segundo Maria José Magalhães, «impedir o direito ao aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um obstáculo ao desenvolvimento, à harmonia e à felicidade».

Já o candidato à Presidência da República Fernando Nobre, que é católico, lembrou que não tem de concordar com todos os argumentos que o Papa Bento XVI utilizou. Sobre a questão do casamento homossexual, Fernando Nobre defendeu que deveria ter sido escolhida uma outra designação para o nome formal desse tipo de relação, mas disse «não ter nada contra», porque é «uma questão de direitos humanos».

Sobre o aborto, o responsável considerou que a lei existente é a «adequada à situação actual» para que não sejam encontrados «bebés encontrados nas sanitas e fragas», como no passado.

Quanto ao deputado do PS e activista dos direitos LGBT (de lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros) Miguel Vale de Almeida considerou «infelizes» as declarações do Papa.

Miguel Vale de Almeida disse à Agência Lusa que qualquer dirigente religioso tem o direito de manifestar publicamente as suas crenças desde que «não se imiscua nos assuntos políticos de um Estado», sendo «ingénuo» pensar que não tenha havido um «propósito político» em tais afirmações, pois está de «visita a Portugal, onde as duas questões foram tratadas democraticamente pela sociedade».

Mas também há quem tenha gostado das afirmações de Bento XVI. A presidente da Federação Portuguesa pela Vida, Isilda Pegado, disse que o Papa deu «mais uma força» para os que trabalham em prol «da defesa da vida humana» em Portugal.

«Neste país há milhares de pessoas que todos os dias trabalham na defesa da vida e apoiam mulheres vítimas de aborto e, por isso, aquilo que ouvimos é mais uma força para todos nós», disse.

Para a também porta-voz da Plataforma Cidadania e Casamento, que pretendia o referendo ao casamento homossexual, o discurso de Bento XVI foi «de verdade, de atenção à realidade portuguesa e de apontar o caminho de felicidade para os Homens».

Já a deputada independente eleita pelo PSD e antiga provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, considerou que o Papa deixou «um sinal de que devemos ser convictos nestas matérias, mas que estas não são exclusivamente religiosas».

Sobre o apoio a medidas contra a prática do aborto, Nogueira Pinto salientou que a mensagem do Papa vai no sentido «de dizer que este combate, no melhor sentido da palavra, deve ser levado até ao fim, porque a dignidade da vida humana é um valor insuperável e que devemos preservar a todo o custo em termos de sociedade e em termos de ética, mesmo laica».

Quanto ao casamento, a deputada salientou que Bento XVI «vem dizer que a família começa com o casamento entre o homem e a mulher, e isso já nós sabíamos há muito tempo».

A ex-deputada socialista Matilde Sousa Franco aplaudiu as declarações, que reiteram a posição da Igreja Católica quanto ao aborto e aos casamentos homossexuais, destacando a defesa de «uma civilização do amor».

«Também tenho estado pelas mesmas causas», afirmou.

O presidente da Caritas Portuguesa considerou que as referências ao aborto e ao casamento «foram fortes». «Foi forte, mas ele é assim mesmo: Nunca vira a cara à verdade e à defesa da vida em todas as suas dimensões», disse Eugénio Fonseca.
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