Pescadores: «Se for preciso fechamos portos e cortamos estradas» - TVI

Pescadores: «Se for preciso fechamos portos e cortamos estradas»

Pesca (arquivo)

Greve começa na sexta-feira e é mesmo para cumprir de forma dura. Ministro diz que gasóleo não vai baixar

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A revolta é grande e, poucas horas antes do início de uma greve geral com tempo indeterminado, os pescadores avisam que a mobilização tem de ser forte, para que sejam encontradas soluções. Ainda que não haja um grande historial de paralisações neste sector, a crise serve de motivação para a luta.

«Nesta altura todas as situações estão em aberto e, se for preciso, fechamos portos e cortamos estadas», revelou António Macedo, do Sindicato dos Pescadores do Norte, respondendo a um apelo feito pelo seu colega da Galiza, Xabier Aboi, que também se prepara para iniciar uma paragem das embarcações a partir de dia 30: «Não é tempo de ficarmos em casa ou rezarmos uma missa. É altura de sair para a rua e paralisar, impedindo até as importações, que muitas vezes são transportadas por terra e pelo ar de outros países».

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A radicalização do protesto surge na sequência dos efeitos produzidos pelo aumento do preço dos combustíveis. O grande impacto está a fazer-se sentir no grosso dos pescadores portugueses, dado que 90% recorrem à pesca artesanal e aos barcos a gasolina, logo não têm qualquer tipo de isenção sobre os combustíveis. «Aquilo que estão a fazer é um assalto à mão armada, um roubo, porque vemos as petrolíferas a enriquecer e os consumidores e trabalhados a terem de pagar tudo. Os Governos têm de estar atentos a isto», refere Aboi, da Federação dos Sindicatos do Sector da Pesca e Congéneres da Galiza.

Ministro não cede

Estas reclamações por parte das associações representativas dos trabalhadores surgem no dia em que está marcada uma reunião entre o Ministro da Agricultura e todos os sectores ligados à pesca. Enquanto os Sindicatos não alimentam muitas expectativas - «não estamos à espera de nenhuma solução milagrosa por parte de alguém que se tem recusado a falar connosco» - o próprio Jaime Silva já foi avisando que o preço dos combustíveis não vai baixar.

«As soluções mais fáceis, como baixar impostos, são as mais populares mas não são soluções», disse, acrescentando que a solução passa por «medidas estruturais» constantes de um documento a apresentar no Conselho de Ministros da UE, a realizar dia 21 no Luxemburgo, informa a agência Lusa.

Segundo o ministro, uma das soluções passa pela entrada dos pescadores em áreas de negócio diferente, nomeadamente a venda, para diminuírem a margem de lucro existente entre o preço a que é pago o quilograma de peixe ao pescador e aquele que é pago por quilograma pelo consumidor: «Não é justo que paguemos 24 euros por quilograma de alguns peixes que os pescadores recebem a um euro a um euro e meio por quilograma».

Jaime Silva vai propor a atribuição de uma verba de 324 milhões de euros para «reestruturar, ganhar produtividade e competitividade» no sector das pescas, e nove milhões que prevê «algumas paragens» de pesca e «alguns abates» de frota.

Afirmando «compreender» os motivos de preocupação dos pescadores face ao aumento do preço dos combustíveis, devido ao peso que representa nos custos do sector, o ministro reiterou que na semana passada os pescadores pagavam o gasóleo a «0,80 cêntimos por litro» e que a pesca longínqua paga o gasóleo a preços «51 por cento mais baixos do que o pessoal de terra ou mesmo da agricultura». «As preocupações dos pescadores fazem sentido, mas esta crise não é só dos pescadores é de todos os portugueses», concluiu.
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