Parque das Nações, uma ilha de bem estar ou de caos urbano? - TVI

Parque das Nações, uma ilha de bem estar ou de caos urbano?

Para muitos é um espaço sem igual, mas há quem lembre os defeitos

O Parque das Nações foi criado de raiz há 15 anos em Lisboa. Sendo uma zona sem paralelo na cidade, nomeadamente na ligação ao rio, não está a salvo de críticas. O «boom» de construção habitacional tornaram a zona numa das mais movimentadas de Lisboa, pelo menos, na hora de ponta.

A estratégia que pretendia evitar que o local se tornasse num deserto depois da Expo 98 levou a que fossem implementadas no local várias zonas comerciais, diversas infra-estruturas, como é o caso da Gare do Oriente e de um Hospital privado, e muitos, muitos prédios.

Atualmente vivem na zona da antiga Expo mais de oito mil prédios onde moram mais de 14 mil pessoas, segundo os dados dos últimos Censos. Visto como muitos como uma zona nobre da cidade, especialmente para morar, o certo é que comprar casa no Parque das Nações continua a não ser para todas as bolsas. Atualmente o preço de um apartamento ronda os 2.685 euros por metro quadrado e das vivendas os 2.550 euros por metro quadrado, segundo a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).

As acessibilidades, a vista, os espaços verdes, as centenas de áreas comerciais, os serviços, o casino e as infraestruturas culturais tornam o local muito procurado como zona de lazer. Razões que levaram a zona da Expo a encarecer e a crescer. As críticas de construção exagerada fazem-se ouvir e para alguns urbanistas o Parque das Nações é uma «ilha» que não tem ligação ao resto da cidade.

Para José Rio Fernandes, especialista em Urbanismo e Geografia Urbana da Universidade do Porto, o Parque das Nações não deixa de ser um projeto de sucesso, mas o que funciona «menos bem» é a «relação deste espaço com a envolvente», porque, considerou, «este espaço respira mal» com o resto da cidade e, constitui-se «quase como uma ilha, uma ilha de conforto e de qualidade e de elevadas densidades construtivas», disse à Lusa.

O especialista admite que existe ali construção em excesso e admitiu também que o planeamento daquele espaço esteve «muito condicionado por questões de natureza financeira». José Rio Fernandes defendeu ainda que a zona devia ser «menos shopping, mais comércio de rua, mais comércio independente e menos comércio de grande marca».

Já o arquiteto Manuel Salgado, que fez parte do plano de urbanização do Parque das Nações, defendeu que a construção podia ter ido ainda mais além, por exemplo, com implementação com uma urbanização de luxo. «Eram iniciativas que podiam ter sido muito importantes para requalificar a zona oriental e estender o "efeito Expo"», referiu à Lusa.

Para quem mora e trabalha no local são evidentes as qualidades do espaço, mas também as deficiências. «É um espaço único em Lisboa em termos de equipamentos, de higienização e de ligação com o rio», defendeu à Lusa, José Moreno, o presidente da Associação de Moradores e Comerciantes do Parque das Nações.

«Temos o segundo pulmão verde da cidade de Lisboa, com os 100 hectares do Parque do Tejo e do Trancão», acrescentou, lembrando, porém, que a parte sul do Parque das Nações «não precisava de ser tão densa. Há lá locais que podem dificultar o socorro em situações de necessidade».

Apesar da densidade ocupacional do Parque das Nações, a zona pode voltar a crescer, se alguns dos projetos idealizados aquando da Expo 98, como o centro equestre ou o campo de golf, saírem um dia da gaveta.
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