Quinta da Fonte: famílias deixam rua com promessa de negociações - TVI

Quinta da Fonte: famílias deixam rua com promessa de negociações

Ciganos à porta da Câmara de Loures

Comunidade cigana aceitou ir «para casa de familiares» até situação estar resolvida, mas ficou indignada com aviso colado nos bancos em frente à Câmara Municipal de Loures

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Foi um dia longo para as dezenas de famílias ciganas da Quinta da Fonte, em Loures, que recusam regressar ao bairro, depois dos tiroteios dos dias 10 e 11 de Julho. Começou com a saída forçada, ao início da manhã, da frente da Câmara de Loures, onde passaram as últimas noites, e terminou com a decisão de saírem de ao pé da rotunda da Ponte de Frielas, onde prometiam passar mais. Contudo, no final de uma reunião de três horas e meia de representantes da comunidade com a governadora civil de Lisboa, Dalila Araújo, em que foi prometida a continuação de negociações, o grupo aceitou deixar o local.

Com os relógios já a mudarem os ponteiros para o dia 23, chegavam ao local, onde se encontravam as famílias ciganas, o seu advogado, Carlos Santos Caria, e a sua voz dos últimos dias, José Fernandes. Este último reuniu primeiro com o grupo, para pouco depois o representante legal anunciar aos jornalistas presentes que não haveria necessidade de a polícia intervir novamente, pois as famílias partiriam por sua iniciativa.

«Isto é uma atitude racista do Estado», alerta SOS Racismo

«Na reunião estive eu, esteve a senhora governadora civil, esteve um representante da Segurança Social, esteve o chefe de gabinete da senhora governadora civil, e estamos em negociações, é o que posso adiantar», apontou, revelando: «Ficou acordado que as pessoas sairiam neste momento da rua e que as conversações vão continuar. Daqui a dois, três dias seremos informados da data exacta».

José Fernandes, por sua vez, explicou que as famílias vão ficar instaladas «temporariamente com familiares até à situação ficar resolvida». «A conversar é que as pessoas se entendem. Senti um pouco mais de conforto e acho que começaram a ouvir porque é que nós estamos descontentes por estar aqui», apontou, salientando a disponibilidade de «ambas as partes» para dialogar.

Desinfestação polémica

Um incidente que acabou por marcar a noite foi a colocação de um aviso nos bancos de jardim situados em frente à Câmara Municipal de Loures. Na nota, assinado pela junta de freguesia local é feito um alerta para «uma desinfestação da área», algo interpretado pela comunidade cigana como uma «atitude racista».

Na nota lê-se que «os serviços responsáveis pelo jardim informam que foi feita a desinfestação» na área envolvente dos Paços do Concelho, «frente à Câmara de Loures». Um procedimento que acontece depois de nos últimos dias as famílias ciganas terem pernoitado no local e que foi descrito por elas como «um acto de mavadez», sem que ninguém admitisse poder tratar-se de uma coincidência. «É puro racismo», disseram.

«Isto é como dizer que os ciganos que estiveram no jardim têm de ser desinfestados», queixou-se ao PortugalDiário Abílio Quaresma, um dos homens que estava no lavadouro, ao pé da Ponte de Frielas. «Querem-nos meter num campo de concentração», disse.

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«Não há habitações alternativas para os ciganos»

Última actualização às 02h09
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