Serial Killer: GNR «deve» fazer visitas ao cabo - TVI

Serial Killer: GNR «deve» fazer visitas ao cabo

  • Portugal Diário
  • 25 jan 2008, 23:18
O ex-cabo ouve a sentença - Foto Paulo Cunha/Lusa

Pedido veio de superiores que lhe chamam «tarefa humanitária»

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A GNR de Santa Comba Dão recebeu esta sexta-feira um pedido de que fosse nomeado um militar, «de preferência voluntário», para visitar António Costa, que foi condenado a 25 anos de prisão pela morte de três jovens suas vizinhas, escreve a Lusa.

António Costa, cabo da GNR de Santa Comba Dão que se encontrava na reserva, foi condenado a 31 de Julho do ano passado por nove crimes - três de homicídio (dois qualificados), dois de ocultação de cadáver e um de profanação, dois de coacção sexual na forma tentada e um de denúncia caluniosa agravada - tendo a sua advogada recorrida da sentença.

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Serial Killer condenado a 25 anos

O pedido de que o cabo Costa fosse visitado na prisão de Tomar foi feito pela Brigada Territorial 5 da GNR, em Coimbra, ao Grupo Territorial de Viseu, que o enviou para Santa Comba Dão, e está a motivar a indignação de militares.

«Então ele fez o que se provou que fez às raparigas, colocou em causa o bom-nome da instituição e ainda estão a pedir pessoal voluntário para o ir visitar?», questionou um militar, em declarações à Agência Lusa.

Este é um caso diferente

A mesma fonte defende que este tipo de visitas se faça, por exemplo, «a um colega que foi condenado porque, no meio da confusão, deu um tiro em outro, sem querer», mas não a alguém como o cabo Costa.

Na mensagem enviada de Coimbra para Viseu, a que a Lusa teve acesso, é referida a necessidade de alguém do grupo visitar o cabo Costa na prisão de Tomar, porque «o segundo comandante-geral terá feito sentir essa obrigação, depois de saber que não tem havido essa prática».

Acrescenta que, «genericamente, estão incumbidos dessa tarefa os sargentos-mores da unidade» e que aquele que tem responsabilidade no caso do cabo Costa «não foi por altura do Natal, como tinha pensado, porque não houve disponibilidade por parte do capelão da Guarda que normalmente o acompanha».

Tarefa humanitária

Ainda assim, é defendido na mensagem que «a unidade do Grupo de Viseu deve assumir periodicamente essa tarefa humanitária» e pede que seja arranjado alguém que, de dois em dois meses, possa ir visitar o antigo colega à prisão de Tomar.

Um oficial da GNR confirmou à Lusa este pedido, justificando-o com o facto de o cabo Costa fazer anos na próxima segunda-feira, «uma data que marca sempre as pessoas».

A mesma fonte explicou que o pedido feito a Santa Comba Dão apenas tinha como objectivo o dia de segunda-feira e não as visitas regulares de dois em dois meses.

«Havia a intenção de não deixar passar esta data sem o visitar», frisou, acrescentando que «há uma cultura interna de fazer visitas com alguma frequência aos militares da Guarda a cumprir pena», mas que estas regulares são uma incumbência dos sargentos-mores.

Segundo a mesma fonte, estas visitas institucionais acontecem independentemente de as pessoas já terem sido condenadas ou não, por questões de «solidariedade».

Só se houver voluntários

Acrescentou que foi dado seguimento ao pedido da hierarquia, mas garantiu que a visita só acontecerá se houver voluntários e que nenhum militar será obrigado a fazê-la.

Neste âmbito, justificou a expressão «nomear alguém, de preferência voluntário», que consta no pedido com o facto de o militar que se oferecesse para fazer a visita ter de ser nomeado para aquele função com o objectivo de ser substituído na escala de serviço naquele dia.

«Vamos ver se conseguimos realizar esta intenção da hierarquia. Se não houver voluntários, não há», garantiu.

A Lusa sabe que, até ao final da tarde, nenhum militar se tinha oferecido para fazer a visita ao cabo Costa.
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