Ex-cabo: MP pede pena máxima - TVI

Ex-cabo: MP pede pena máxima

Julgamento do <i>serial killer</i> - Foto Paulo Novais para Lusa

Diz não ter dúvidas de que alegado serial killer cometeu os crimes de que é acusado e pediu 25 anos de prisão «porque não pode pedir mais». Arguido foi descrito como «frio, manipulador e agressivo». «Espero que arda no inferno», disse MP

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Nas alegações finais do julgamento do ex-cabo da GNR, António Costa, classificado pela polícia como «serial killer», o Ministério Público pediu a pena máxima de prisão para o arguido - 25 anos -, e isto «porque não é possível pedir mais».

O promotor, que falou durante cerca de uma hora e meia, destacou a perícia de personalidade e os exames psiquiátricos, que mostram que o arguido é imputável, logo tinha perfeita consciência do que fazia e da ilicitude dos seus actos.

Tanto é, realçou o Ministério Público, que o ex-cabo, «tentou logo arranjar maneira de se safar», quer através da manipulação dos testes, quer acusando terceiros (o tio de uma das vítimas). O MP realçou ainda, que o arguido tentou manipular os resultados dos exames, chegando ao ponto de os testes mostrarem que António Costa tem um QI equivalente a um débil mental, dados que não coincidem com alguém que teve um «percurso profissional exemplar», afirmou o procurador.

A acusação considera ainda que todos os crimes ficaram provados: três crimes de homicídio, três crimes de ocultação de cadáver, um de profanação de cadáver (MP considera que uma das vítimas foi despida e vestida depois de morta com motivação sexual), um de denúncia caluniosa (por ter tentado incriminar o tio de uma das vítimas) e dois crimes de coacção sexual na forma tentada.

Aliás, o Ministério Público frisou que a motivação do alegado serial killer foi sempre sexual. Em relação à primeira vítima, o arguido disse que o sexo foi consentido e não foi possível provar o contrário. E em relação às duas outras, não é certo que tenha havido relações sexuais, mas o arguido afirmou, nos interrogatórios iniciais que pediu um beijo às vítimas e que estas negaram e, quando ameaçaram contar o sucedido, as terá morto, para evitar que a imagem de homem correcto que tinha, fosse manchada.

O ex-cabo foi ainda descrito como «frio, manipulador e agressivo quando não consegue aquilo que quer». O MP descreveu em pormenor todos os crimes e realçando que António Costa pensou em todos os detalhes para ocultar os corpos e os indícios e explicou às autoridades todas as providências que tomou e porquê. «Com tantos pormenores que batiam certo, só podia ter sido ele a cometer o crime», afirmou.

Ainda durante a manhã tiveram a palavra os advogados das famílias de duas das vítimas: Isabel Cristina e Mariana.

Enquanto o primeiro se cingiu apenas ao pedido de indemnização cível pelos danos não patrimoniais causados à família da jovem, no valor de 180 mil euros. O causídico diz que a forma «selvática» como Isabel Cristina foi morta foi traumatizante para a família e levou a que a mãe tenha ficado oito meses de baixa.

Já o advogado da família de Mariana concentrou-se na personalidade do arguido, que descreveu como calculista, tanto na forma como «se livrou» dos corpos, das provas e como tentou manipular as autoridades. «Só não se safou porque não há crimes perfeitos», disse o advogado, que afirmou que António Costa é um «lobo com pele de cordeiro».

O advogado disse ainda que «nem a defensora de António Costa acredita na inocência do arguido». E para terminar, recordado a fé católica do ex-cabo da GNR, disse que esta é apenas uma justiça e que espera «que seja feita justiça divina e que possa arder nas profundezas do inferno».

A sessão continua esta tarde com as alegações finais dos advogado da família de Joana e a defesa de António Costa. Apesar de ter direito a falar, não está previsto que o arguido preste declarações.
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