Taxas moderadoras: bastonário critica aumentos - TVI

Taxas moderadoras: bastonário critica aumentos

José Manuel Silva - Bastonário da Ordem dos Médicos

Responsável máximo pela ordem dos médicos avisa para perigo de liquidação do SNS

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O bastonário da Ordem dos Médicos considerou hoje que o aumento das taxas moderadoras penaliza os doentes de forma «intolerável» e aproxima-os «perigosamente» dos seguros de saúde privados, liquidando o Serviço Nacional de Saúde, noticia a Lusa.

Na opinião de José Manuel Silva, os aumentos das taxas moderadoras, associados as outras medidas que têm sido tomadas, têm reduzido o nível de vida da classe média e podem tornar-se um factor que impeça o acesso ao SNS.

O bastonário considera que as taxas moderadoras estão a ser transformadas em co-pagamentos e lembra que a comparticipação dos portugueses já se faz através do pagamento de impostos.

«Com este aumento estão a pôr em causa o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde. Se tornarmos mais caro o acesso do que fazer um seguro, será a liquidação do SNS universal, geral e tendencialmente gratuito no acto da prestação», afirmou em declarações à Lusa.

Apesar de tudo, considera que ainda não se cruzou a linha em que se torna mais vantajoso fazer um seguro, mas alerta que «nos estamos a aproximar perigosamente dessa linha».

Quando isso acontecer, os utentes estão a pagar duas vezes: uma pelo SNS que não lhes responde e outra para poder ter cuidados de saúde, criticou.

Para José Manuel Silva, esta medida «penaliza os doentes de forma intolerável em termos humanos e éticos. Se não houvesse alternativa, ainda seria aceitável, mas há alternativas para gerir melhor o país e estas medidas seriam desnecessárias se o país fosse bem governado».

Horas extraordinárias

Relativamente à redução do pagamento das horas extraordinárias aos médicos do serviço público, em alguns casos de 150% para 50%, o bastonário alerta que nestas condições não podem esperar dos profissionais de saúde disponibilidade para as fazer.

«Será o colapso do actual sistema, das urgências e dos serviços nos quais as horas extraordinárias são essenciais», afirmou, admitindo até que situações muito urgentes possam deixar de ser acudidas, por falta de recursos humanos.

José Manuel Silva espera que haja bom senso da parte dos governantes, sublinhando que a troika não impôs cortes de 50%, mas de 20%.

Mais doentes por médico

Referindo-se à imposição da troika, na revisão do memorando de entendimento, de aumentar pelo menos em 20 por cento o número de doentes por médico de família nos centros de saúde, o bastonário considerou tratar-se de uma medida imposta por quem não conhece o funcionamento do sistema.

A maioria dos médicos dos centros de saúde já tem listas de doentes muito superiores aos 1.500 utentes definidos como «rácio ideal».

«Um aumento de 20% significaria para cada médico de família 1.800 doentes, quando grande parte deles tem nas suas listas perto de dois mil, sem serem pagos por isso».
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