Já fez LIKE no TVI Notícias?

Apito dos pobres

Relacionados

Actuam como os grandes. Mas oferecem televisões e «sapatos modernos»

É o «futebol dos pobres». A frase do ex-procurador distrital do Porto, Alípio Ribeiro, actual director nacional da PJ, proferida na altura em que foi conhecida a acusação do «Apito Dourado», servia para separar as águas em relação aos processos que envolvem os grandes, os da primeira Liga.

Não se desse o caso de o escândalo relativo ao Gondomar Sport Clube implicar o major Valentim Loureiro e o processo não teria feito correr rios de tinta.

PUB

A maioria das certidões extraídas do processo respeitam a clubes de que muitos não terão sequer ouvido falar, mas o modus operandi dos pequenos é o mesmo e a finalidade também: alterar a verdade da competição desportiva. Diverge apenas o peso dos intervenientes, assegurou ao PortugalDiário uma fonte ligada ao processo.

Televisores e «sapatos «modernos»

As pressões junto de árbitros e membros da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) para beneficiar o clube da terra ou simplesmente para prejudicar um adversário [para que não «chateie mais»] são as mesmas. Mas em vez de milhões, oferecem-se tostões . . . ou um pouco mais do que isso: televisores, «sapatos modernos», relógios, arcas frigoríficas, mas também boas pontuações por parte dos observadores, igualmente envolvidos no esquema de corrupção.

Veja-se o jogo que em Janeiro de 2004 opôs o Clube Desportivo Trofense ao Futebol Clube da Lixa. A acusação, deduzida em Março deste ano, coube à equipa da procuradora-geral adjunta Maria José Morgado.

PUB

O presidente do clube da Lixa terá ligado ao árbitro Pedro Sanhudo, da Associação de Árbitros do Baixo Tâmega, pedindo-lhe para beneficiar o seu clube. Em contrapartida terá oferecido uma arca frigorífica à Associação. O Lixa perdeu, mas o árbitro é escutado a falar com o presidente a quem lamentou o sucedido, aproveitando para explicar como actuou para beneficiar o clube.

Os alegados bons ofícios valeram-lhe um jantar e a deslocação ao armazém de calçado do dirigente desportivo. Um «carregamento» que «nem na mala coube», graceja o juiz da partida ao telefone com um colega. «Sapatos modernos» e relógios «com três cronómetros» integram a lista de oferendas.

«Em casa de dúvida beneficiei o Progresso»

«Em caso de dúvida beneficiei o Progresso», referiu ainda este árbitro numa escuta extraída do processo Progresso-Canidelo, alvo de acusação. O clube perdeu mas «Toninho», dirigente que alegadamente solicitou os favores, cumpriu a palavra e terá oferecido o televisor. . . a investir no futuro.

PUB

No jogo do Machico-Sacavense, realizado em Março de 2004, com acusação conhecida em Fevereiro deste ano, um dirigente desportivo do Machico liga ao vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, a quem diz que o presidente «está de cabeça perdida» com a perspectiva de o clube ser despromovido. Acto contínuo o árbitro recebe o pedido para beneficiar o Machico. Contrapartida: uma boa pontuação que o salvaria de uma provável descida de escalão.

As «lembrançazitas» oferecidas aos árbitros eram não raras vezes reencaminhadas por estes aos observadores, a fim de garantir boas classificações.

Leia a seguir: «Povo acha que os clubes são «perseguidos»

PUB

Relacionados

Últimas