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Professores: razões da indignação

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São muitos os motivos, mas todos resultam da tentativa do ME de «desfigurar e descaracterizar a profissão, tentando domesticar os professores e divorciá-los dos pais e alunos», diz dirigente sindical. Leia aqui, ponto por ponto, o que move milhares de portugueses Ministra da Educação não recua Manif condiciona trânsito em Lisboa

Se questionarmos os professores sobre os motivos que os levam a participar ou a apoiar a Marcha da Indignação, marcada para este sábado, obtemos respostas muito diferentes. Não porque não conheçam os verdadeiros motivos, mas precisamente porque há muitas razões para o descontentamento e porque uns se sentem mais prejudicados por uns aspectos do que por outros.

Ao PortugalDiário, Abel Macedo, presidente do Sindicato de Professores do Norte, da Fenprof, sublinha que «há uma tentativa de desfigurar e descaracterizar o profissionalismo docente, primeiro tentando domesticar os professores e, ao mesmo tempo, tentando divorciá-los dos pais e dos alunos». Tudo aquilo que o Ministério da Educação tem vindo a fazer, acrescenta, é com este objectivo, por isso, «esta é a razão principal da indignação dos professores». Todos os outros pontos derivam deste.

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Marcha da Indignação junta 75 mil professores

Ministra da Educação não recua

A frase principal da «manif» vai ser «Assim não se pode ser professor». Uma frase que, diz Abel Macedo, reflecte o sentimento generalizado nas escolas: «Os professores sentem que não são os mesmos. Têm consciência de que lhes estão a dar cabo da carreira docente. Hoje, eles têm perfeita noção da teia que lhes foi ardilosamente montada».

A intenção do Ministério da Educação e deste Governo, continua Abel Macedo, «é ter os professores controlados. Querem uma profissão domesticada, que os docentes sejam simples funcionários públicos».

Deste objectivo, explica aquele dirigente sindical, nasceram todas as medidas que merecem a contestação e a indignação dos professores:

- No topo da polémica está o Estatuto da Carreira Docente (ECD), que cria a categoria de professor titular e institui exames de acesso à profissão, ...

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- ... e o sistema de avaliação que o ECD contém, com a criação de quotas para os professores que têm uma avaliação de Muito Bom e Excelente e o próprio modelo de desempenho dos professores, que para além da auto-avaliação, são também avaliados pelos encarregados de educação, colegas e alunos. Os professores aceitam e querem a valiação, mas não este modelo.

- Os horários de trabalho. «O professor tem tanta coisa para fazer, tantos papéis para preencher, tantas reuniões para participar... está inundado de burocracias e sobra-lhe muito pouco tempo para aquilo que é a sua verdadeira função», explica Abel Macedo.

- O modelo de gestão e direcção escolar, que cria a figura do director da escola. «Acaba com os vestígios de democracia nas escolas. A concentração de poderes é assustadora e o modelo completamente contrário à ideia de autonomia», explica Abel Macedo ao PortugalDiário. A ex-secretária de Estado da Educação socialista, Ana Benavente, em declarações à Visão, diz mesmo que «é o regresso a um modelo antigo, que promove o autoritarismo».

- O Estatuto Disciplinar do Aluno. Prevê um plano de recuperação para os alunos que chumbam por faltas e dá maior poder disciplinar aos professores, mas também os responsabiliza pelo abandono e insucesso escolar dos alunos. No fundo, sublinha Abel Macedo, «apela-se ao professor para «fechar os olhos» aos maus resultados dos alunos, até porque esse é também um factor de avaliação dos professores».

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