O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) expressou esta quinta-feira «cepticismo e precaução» em relação ao sistema automático de empréstimos para os estudantes do ensino superior anunciado pelo governo, temendo dificuldades dos recém-licenciados no pagamento da dívida, escreve a Lusa.
«É um pouco como um lobo com pele de cordeiro: é apresentado como um novo sistema de empréstimos, que vai aumentar a equidade, mas o que teremos é o ensino a ser pago pelas famílias e pelos estudantes. No fim da licenciatura, o jovem vai continuar a pagar uma propina», afirmou Paulo Fernandes.
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O dirigente estudantil disse ainda temer os efeitos de «uma corrida aos empréstimos», levantando a hipótese de «um sério risco» de endividamento da parte dos jovens e de dificuldades em pagar a dívida.
«Somos das populações mais endividadas da Europa», salientou o presidente da AAC, alertando também para o facto de Portugal ter das mais altas taxas de desemprego entre os licenciados.
Embora reservando um parecer da AAC sobre o Decreto-Lei para depois de ter acesso ao diploma, Paulo Fernandes disse - baseando-se no teor do comunicado do Conselho de Ministros e nas declarações do chefe do Executivo, José Sócrates - não se lhe afigurar que este sistema de empréstimos vá "aumentar a equidade e o acesso ao ensino superior".
«Temo que seja o princípio do fim das bolsas de estudo a fundo perdido e dos apoios indirectos aos estudantes (residências, cantinas, serviços médicos), criando-se empréstimos para as pessoas pagarem, em vez de ser o Estado a responsabilizar-se», frisou.
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Classificando o novo sistema como «mais um mecanismo» disponível para os estudantes, o presidente da AAC criticou, contudo, o período de carência de 12 meses nele previsto.
«É reduzido e não tem em conta o rendimento de um licenciado», observou Paulo Fernandes.
Ao criticar a «tendência para desinvestir no ensino superior e na acção social», o dirigente estudantil sublinhou ainda que a AAC «defende a educação como um direito constitucional, de que o Estado deve ser o garante».
«A acção social pressupõe que nenhum cidadão fique de fora do acesso ao ensino superior devido à sua capacidade financeira», vincou o presidente da Associação Académica de Coimbra.
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