Parlamento rende-se à «irreverência» de Odete - TVI

Parlamento rende-se à «irreverência» de Odete

  • Portugal Diário
  • 12 abr 2007, 18:58

Deputada emocionou-se ao despedir-se da bancada do PCP na Assembleia

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O Parlamento rendeu-se esta quinta-feira em peso «à irreverência» da deputada Odete Santos, que interveio pela última vez no plenário com palavras de despedida que a emocionaram e que suscitaram os aplausos de pé de todas as bancadas, noticia a agência Lusa.

O tema da sua declaração política no período antes da ordem do dia, uma intervenção muito crítica sobre os novos diplomas do Governo na área da Justiça, acabou por ser «abafado» pela circunstância de ser o último plenário em que participou.

Já no final da intervenção, e depois de ter dito que não haveria de chorar, Odete Santos emocionou-se quando se dirigiu em particular à bancada do PCP, a quem agradeceu «os mandatos e a aprendizagem de mais de 26 anos» e de quem se despediu com o inevitável «Até amanhã, camaradas», um dos mais conhecidos livros de Álvaro Cunhal.

Como se tratava de «um dia especial», nas palavras do presidente da Assembleia da República, Jaime Gama suspendeu a contagem do tempo para Odete Santos poder falar sem restrições.

«Mas chegou a hora de pôr termo a esta intervenção, e, consequentemente, a uma actividade, que não profissão, política, de mais de 26 anos. (...) Se vou ter saudades deste trabalho? Mesmo de violentos debates em que me vi envolvida não raras vezes? É claro que vou sentir saudades (...) mas também tenho saudades do futuro», afirmou.

No final, Odete Santos foi aplaudida de pé por todas as bancadas, incluindo a do CDS-PP, apesar das hesitações de alguns dos seus deputados.

A primeira bancada a usar do direito a um pedido de esclarecimento foi a do PSD. O deputado Montalvão Machado, colega de Odete Santos na comissão de Assuntos Constitucionais, elogiou a «irreverência e a juventude» de Odete Santos que considerou «a imagem da frontalidade».

O líder parlamentar do PS, Alberto Martins, afirmou o «grande apreço» pessoal e da bancada e assegurou a identificação do PS com as preocupações de Odete Santos na área dos Direitos Fundamentais.

Do lado do BE, o líder parlamentar Luís Fazenda saudou a «marca inconfundível» de Odete Santos, afirmando concordar com a «antecipação do debate que há-de haver sobre a deriva securitária do PS na Justiça».

Na sessão, que durou perto de uma hora e à qual assistiu a secretária-geral da Assembleia da República, Adelina Sá Carvalho, até Jaime Gama teve direito a um longo aplauso depois de ter homenageado a deputada Odete Santos, considerando que «deu um grande contributo ao Parlamento português».

Depois de mais umas palavras e picardias com a bancada do CDS-PP e com o ministro dos Assuntos Parlamentares, «gostaria que as palavras do Governo também tivessem asas mas nem sempre têm», Odete Santos saiu do plenário.
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