Ministro prefere «as pessoas ao lince» - TVI

Ministro prefere «as pessoas ao lince»

  • Portugal Diário
  • 23 out 2007, 16:23

Nunes Correia explica assim o desvio da linha de muito alta tensão para um habitat de espécies em vias de extinção

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O ministro do Ambiente afirmou hoje «preferir as pessoas ao lince» a propósito do desvio da linha de muito alta tensão algarvia para a zona de Cabeço, habitat de espécies em vias de extinção como o lince.

«Entre o lince e as pessoas, ainda prefiro as pessoas», afirmou Nunes Correia à margem da 2ª Conferência Nacional da Água, organizada pelo Jornal Água e Ambiente, em Lisboa.

O governante explicou as razões que levaram o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, a emitir um despacho para que seja revisto parte do traçado da linha de muito alta tensão entre Portimão e Tunes.

«O ministério fez uma avaliação de impacte ambiental (AIA) e propôs à REN [Redes Energéticas Nacionais] que reconsidere um outro traçado, uma vez que o actual não parece ser o melhor para o bem estar das populações, para a integração paisagística, os vestígios arqueológicos ou a conservação da natureza», afirmou o ministro do Ambiente.

O actual traçado da linha tem sido fortemente contestado por moradores do concelho de Silves, que começam hoje uma greve de fome e vigília junto ao Palácio de S. Bento, em Lisboa, apesar de o Governo já ter anunciado esta alteração ao traçado.

O presidente da REN, José Penedos, precisou hoje à agência Lusa que o traçado da linha de muito alta tensão vai ser desviado para Norte do Vale de Fuzeiros, uma zona do Algarve considerada essencial para duas espécies em vias de extinção, a águia bonelli ou o lince ibérico.

O repovoamento do lince-ibérico em Portugal foi uma das promessas do Governo português para que Bruxelas encerrasse o processo que levou à suspensão do financiamento da barragem de Odelouca, tendo o executivo apresentado um projecto transfronteiriço de reintrodução do lince como medida de sobre-compensação pela construção da barragem em zona da Rede Natura 2000.

No passado dia 31 de Agosto, o ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, e a sua homóloga espanhola, Cristina Narbona, presidiram à sessão pública de assinatura do acordo de cooperação entre Portugal e Espanha para o Programa de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico.

Trata-se de um acordo de cooperação de «grande relevância no âmbito das políticas de conservação da natureza dos dois países e constitui um factor importante das contrapartidas ambientais para a construção da barragem de Odelouca», segundo uma nota de imprensa do Ministério do Ambiente.

Em Portugal, a espécie está em pré-extinção. A classificação de «criticamente em perigo» foi-lhe atribuída pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, publicado em 2005. Nos últimos anos, não foi possível detectar nenhuma população reprodutora, como as duas únicas que actualmente existem na Andaluzia.

«A situação é tão grave que só a colaboração entre Portugal e Espanha poderá reverter a situação de declínio em que se encontra», acrescenta a nota do ministério.

Em relação ao desvio do traçado da linha de alta tensão algarvia, fonte do Ministério do Ambienrte explicou à Lusa que vai agora ser feita uma alteração à declaração de impacte ambiental que está agora nas mãos da Agência Portuguesa de Ambiente (APA).
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