Ninguém os quer adoptar - TVI

Ninguém os quer adoptar

  • Portugal Diário
  • 10 mar 2007, 13:26
Bebé

Futuros pais preferem menores saudáveis até aos seis anos de idade. Candidatos à adopção não querem crianças com graves problemas de saúde e são «pouco flexíveis». Actualmente, existem 806 crianças e jovens em condições de terem uma família

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Dos mais de dois mil candidatos à adopção em Portugal apenas um está disposto a adoptar uma criança com problemas de saúde graves, segundo dados oficiais a que a Agência Lusa teve acesso.

A grande maioria (94 por cento) dos 2.113 candidatos que aguarda resposta da Segurança Social tem a pretensão de adoptar crianças até aos 6 anos e de preferência sem problemas de saúde.

Além de um candidato que aceita adoptar uma criança com problemas graves de saúde, existem ainda 123 candidatos que estão dispostos a adoptar crianças com problemas de saúde ligeiros e outros 14 que querem crianças com deficiência.

Sete meses depois da entrada em vigor das listas nacionais de adopção estão sinalizadas e em condições legais para serem adoptadas 806 crianças e jovens com idades compreendidas entre os 0 e os 15 anos.

Os dados revelam que destas 806 crianças, 236 têm entre os 0 e os três anos, 195 entre os quatro e os seis anos, 215 entre os sete e os dez anos, 158 entre os 11 e os 15 anos e duas com 15 anos.

Das 806 crianças, 75 tem problemas de saúde graves, 163 tem problemas de saúde ligeiros e 67 têm uma deficiência.

Apenas 568 não têm problemas de saúde.

As listas nacionais oficiais indicam ainda que das 806 crianças, 16 têm já a adopção decretada, 372 aguardam proposta de candidato, 117 estão em vias de integração no seio familiar de um candidato e 295 estão numa fase de pré-adopção.

O cruzamento de dados das listas nacionais de adopção, em funcionamento desde 1 de Junho de 2006, permite apurar com regularidade a situação da adopção em Portugal, quer quanto ao número de crianças quer ao número de candidatos aptos para iniciar um processo.

Podiam ser mais flexíveis

O presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco pediu às pessoas que querem adoptar para serem mais flexíveis nos requisitos, dado que a maioria quer crianças saudáveis e até aos seis anos.

O Juiz conselheiro jubilado Armando Leandro considera que não se pode condenar nem criticar as famílias por quererem crianças pequenas e sem problemas, mas «é necessário um incremento da cultura de adopção».

A secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, Idália Moniz, no mesmo sentido, disse em declarações à Agência Lusa que a celeridade da adopção em Portugal passa também por uma maior flexibilidade dos candidatos em aceitar crianças com problemas de saúde ou com determinada idade.

Os processos, adiantou, precisam de ser mais ágeis mas a morosidade não se deve apenas a questões processuais, depende também da flexibilidade dos candidatos.
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