Felgueiras revela «sacanices» - TVI

Felgueiras revela «sacanices»

Fátima Felgueiras

Autarca explica como o F.C. de Felgueiras enganou o banco e nega autoria de crimes

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Fátima Felgueiras negou esta manhã que tenha tido alguma intervenção na avaliação de terrenos doados pela Câmara Municipal ao Futebol Clube de Felgueiras, entre 95 e 98.

«Nunca fiz avaliações» e «nunca inventei números». «Não posso esclarecer aquilo que não fiz», referiu a autarca numa sessão em que tentou esclarecer, designadamente, a doação de um terreno (lugar de Rabilongos, freguesia da Várzea), que a autarquia doou com o valor de 25 mil contos. De seguida, o clube entregou o referido terreno, como dação em pagamento, à Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, com a avaliação de 100 mil contos. A operação destinava-se a saldar dívidas à entidade bancária.

A acusação refere que a autarquia «subavaliou» o terreno doado ao clube, mas Felgueiras rebate e acrescenta até que a avaliação de 25 mil contos representou «uma prenda grande da Câmara» para o clube, visto que o terreno nem isso valia.

Instada pelo tribunal a esclarecer por que motivo, então, a Caixa de Crédito Agrícola avaliou o terreno em 100 mil contos, a autarca respondeu de forma categórica:

«O Futebol andou a enganar a Caixa de Crédito Agrícola e esta deixou. Engana-me que eu gosto, como se diz». E prosseguiu: «Mas também houve sacanices ao contrário», sem precisar.

«O terreno não valia 100 mil contos, nem 25 mil», a Câmara quis dar uma prenda grande ao clube». Para a autarca, «se o Clube conseguiu uma avaliação por 100 mil contos é porque foram espertos».



Aliás, sobre a entidade bancária, refere a autarca, «devo dizer que, à altura, tinha a pior das impressões da Caixa de Crédito Agrícola». «Vejam-se as notícias sobre os bancos», acrescentou.

Na sessão desta manhã, o tribunal aceitou o requerimento do Ministério Público para esclarecer nas finanças qual o valor com que o imóvel foi registado nas Finanças, depois de a arguida ter manifestado reservas ao valor efectivamente inscrito.

Fátima Felgueiras vai continuar a ser ouvida amanhã de manhã, no Tribunal local.

A presidente da Câmara de Felgueiras está a responder por oito crimes, um de abuso de poderes e sete de participação económica em negócio. Outros nove arguidos, entre ex-dirigentes do F.C. de Felgueiras e ex-vereadores da câmara do PS e do PSD respondem no mesmo processo.

Em causa está a alegada prática de crimes relacionados com verbas atribuídas pela Câmara, entre 1995 e 2001, num total superior a 3,8 milhões de euros. Os montantes provêm, na sua maioria, de cinco subsídios ou contratos-programa para obras e para a compra do Estádio ao clube.

Segundo a pronúncia, as quantias atribuídas ao futebol supostamente para subsidiar as obras do estádio e fomentar o desporto nas camadas jovens, «destinavam-se e foram na realidade utilizadas para as despesas correntes do futebol profissional», designadamente, vencimentos dos jogadores, prémios de jogo, despesas de deslocações, rendas de casas ocupadas por jogadores, além de médicos e massagistas.

No entendimento do juiz de instrução, também as doações de terrenos, avaliadas num total aproximado de 56 mil contos, constituíam uma pura e simples ajuda financeira.

O município terá sido lesado em 3.800.586.97 euros e o procurador reclama uma indemnização nesse montante aos arguidos.
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