O cardeal patriarca de Lisboa considerou desnecessário alterar a lei sobre o aborto, alegando que o cruzamento de métodos anticoncepcionais e medicamentos diminuiu o número de casos clandestinos, um dos argumentos dos apoiantes do «Sim» no referendo, escreve a Agência Lusa.
«O cruzamento dos métodos anticonceptivos com os métodos abortivos e a s soluções químicas para a interrupção da gravidez fizeram diminuir a realidade do aborto de vão de escada», escreve D. José Policarpo numa mensagem publicada a 07 de Janeiro no site do Patriarcado de Lisboa.
«Esta nova realidade traz a decisão de abortar para o campo da liberdade pessoal e da consciência e não é razão para esta alteração na Lei. Não quero, com o que acabo de dizer, negar a realidade do 'aborto clandestino'. Penso só que era preciso tipificar melhor a realidade», adianta.
O cardeal manifesta-se surpreendido com um dos slogans da campanha do «Sim» - «Nem mais uma mulher para a cadeia» -, salientando que, nos últimos 30 anos, nenhuma mulher foi presa por esse motivo, tendo apenas existido alguns julgamentos.
«Também me consta terem sido dadas instruções à Polícia Judiciária para não ter entre as suas prioridades as investigações sobre o 'crime' de aborto. Neste quadro, será urgente uma lei com tais problemas éticos? É notória a ambiguidade: não é possível «despenalizar» sem «legalizar»», sublinha.
D. José Policarpo criticou ainda que algumas pessoas, nomeadamente católicos, defendam que no «aborto estão em questão duas vidas, a do feto e a da mãe».«Estão a falar de aborto só quando a vida da mãe está em risco? E mesmo nessas circunstâncias é o caso em que a maternidade convida a correr riscos e apela ao heroísmo. Ou fazem equivaler a destruição da vida do feto ao incómodo de uma maternidade indesejada?», questiona.
Na mensagem escrita na Internet, D. José Policarpo diz ainda que a consulta popular sobre o alargamento legal do aborto, até às dez semanas de gravidez , tem como «motivo a justificá-lo apenas a vontade da mulher grávida».«Agora pretende-se tornar legal que a mulher grávida peça o aborto só porque o quer», sublinha.
Durante a homilia da noite de Natal, D. José Policarpo afirmou que «sejam quais forem os motivos (...) é sempre negar um lugar a um ser humano» e no Dia Mundial da Paz advertiu que a falta de respeito pela vida embrionária «é uma violência» que origina outras violências.
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Contraceptivos diminuíram abortos, diz Cardeal
- Portugal Diário
- 9 jan 2007, 15:21
![Referendo Aborto](https://img.iol.pt/image/id/3725765/1024.jpg)
D. Policarpo considerou que não é preciso alterar lei, porque há menos casos
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