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OCDE: sem as novas medidas não é possível cortar défice

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País precisa parecer obstinado aos olhos dos mercados

Portugal tem, «como a mulher de César, de ser e parecer» credível perante os agentes económicos, disse em entrevista à Lusa o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE).

José Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, aplaudiu o plano de austeridade ambicioso anunciado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a 29 de Setembro, considerando que as medidas são «necessárias objectivamente porque se não forem adoptadas não é possível reduzir o défice. E porque, como nos tempos clássicos, há que ser e parecer, como a mulher de César», afirmou o secretário-geral da OCDE.

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«Há que estar disposto, mas também há que comunicá-lo para que os investidores, os agentes económicos, as agências de notação, os bancos, enfim que todo o mundo saiba. É muito importante o esforço de comunicação», referiu Ángel Gurría.

Para que o plano seja eficaz é necessário juntar «substância e comunicação», resumiu Ángel Gurría, explicando que é fulcral «mostrar o que se faz na melhor luz» ao mercado e parceiros económicos.

Necessidade de austeridade foi interiorizada por todos

«Em algumas ocasiões, só há comunicação, não há suficiente substância, no caso de países que não interiorizaram medidas muito importantes» de austeridade. Não é esse o caso de Portugal, sublinhou Ángel Gurría, onde a necessidade do plano de austeridade foi «interiorizada por todos, pelos ministros, pelo primeiro-ministro, pelos agentes económicos e pelos agentes políticos».

«Portugal está a brincar com o fogo»

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O secretário-geral da OCDE admite que a crise contribuiu para essa aceitação de medidas «que todos sabem que são muito dolorosas».

Em relação ao pacote de austeridade português, José Ángel Gurría afirmou que «as medidas anunciadas não são as primeiras, nem são as únicas. Há um pacote muito importante de medidas tomadas há vários meses e anunciaram-se temas de mudança estrutural por exemplo no mercado de trabalho».

Portugal está a trabalhar mais e há mais tempo que os outros

Ángel Gurría frisou também que em Portugal «houve reformas até prévias à crise. Tudo isso está a ajudar agora, porque o esforço marginal não tem de ser tão grande. Não se começa do zero, já existe uma plataforma».

O secretário-geral reconhece, no entanto, que «o programa é ambicioso. O [objectivo do] défice de 4,6% [para 2011] é menor que o de Espanha, de França e da Alemanha, por exemplo, e claro, do que o dos EUA. Há que dar-lhe um valor objectivo».

Para Ángel Gurría, «quer dizer que o esforço português é grande, mas diria também que é apropriado. Quer-se dar um sinal de ambição no projecto e deixar atrás qualquer comparação e qualquer semelhança que se faça ou tenha feito com outros países», nomeadamente a Grécia, a Espanha ou a Irlanda.

Portugal, analisou a propósito o responsável da OCDE, «é o que está melhor nessa linha de países, por não ter problema tão grave e ter começado antes as reformas».

Ángel Gurría acrescentou que «há que evitar a todo o custo esse tipo de comparações. Nem sequer discutir. Nunca foi uma coisa objectiva, uma coisa séria, nunca foi algo real. Não podemos meter todos no mesmo saco», concluiu.

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