«Fátima é como um concerto de rock, mas sem álcool» - TVI

«Fátima é como um concerto de rock, mas sem álcool»

Papa Bento XVI em Portugal (Foto Cláudia Lima da Costa)

O lugar preferido é junto às grades. Na praça, que se prepara para a chegada do papa, um grupo de jovens espanhóis anima-a com sevilhanas

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Junto às grades para ver a estrela do dia desde a primeira fila. É assim nos concertos rock e é assim em Fátima, numa altura em que se aguarda com ansiedade a chegada de Bento XVI ao santuário. Ao longo do longo corredor de barreiras metálicas, que divide a praça, alinham-se já milhares de peregrinos. O importante é assegurar um lugar privilegiado.

Em Fátima também se procuram emoções, como nos festivais de Verão. Mas este é um concerto diferente. Diz quem chega que a música é a fé. Mais do que adrenalina busca-se paz. Num mundo de que muitos se queixam ser fértil em valores frágeis, aspira-se a calorias espirituais fortes.

Maria Ferreira tem 55 anos e saiu de Sobral de Monte Agraço no domingo. «Tirei uma semana de férias para estar aqui», diz ao tvi24.pt. Está sentada no fundo da praça num banco de campismo. «Estou aqui junto às grades. Tenho a bandeira de sua santidade, o guarda-chuva e o terço na mão», mostra. «Esta noite vou passar em vigília. Nós precisamos muito de oração e de pedir a paz».

Maria quer ver o Papa de perto, nem que tenha de ficar quatro horas sem sair do ponto estratégico que escolheu. «É aqui que ele vai passar e as pessoas querem ficar aqui».

Ao seu lado, José Marques, de 67 anos, observa-a enquanto ela fala. Não se conhecem. Mas tempo não faltará para isso. Ele garante que também não vai deixar o lugar. «Vim para aqui para ver sua santidade de mais perto. Tenho curiosidade em vê-lo de perto. É uma questão de fé», salienta. Em Fátima procura «oração e conciliação». «Uma pessoa sente-se mais à-vontade aqui».

Sevilhanos e sevilhanas

Desce-se a praça em direcção ao altar. A Capelinha das Aparições é principal vórtice espiritual. Mas do outro lado do corredor central há música, dança e cores. As cores são dos sacos-cama e das bandeiras de um grupo de jovens espanhóis, que acabam de chegar de Sevilha e instalar-se.

Parte deles desenha uma roda no chão. Enquanto dois arrancam, em sincronia, acordes de guitarras, salpicados por uma extrovertida pandeireta. Duas raparigas vão obedecendo às ordens do grupo que canta uma sevilhana. Envolvem-se sem se tocarem numa dança picotada de palmas.

«Somos de uma paróquia de Sevilha. Viemos ver o Papa. Estes são os jovens do Papa e por isso é que os trazemos», diz Auxiliadora, uma das responsáveis pelo grupo. «Acabamos de chegar. Decidimos ficar aqui, neste sítio, porque estamos à frente do altar e podemos ver bem este ecrã gigante».

Recorte-se a imagem do grupo do cenário que os rodeia num raio de 500 metros e poderia colar-se a fotografia destes espanhóis no Rock In Rio ou no Sudoeste. São eles que dizem que o espírito é de festa. «Estamos aqui para estar com o Papa na vigília de hoje e na eucaristia de amanhã», diz Manuel López, de 27 anos. «Fátima é como um concerto de rock, mas sem álcool nem problemas».
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