WikiLeaks: Sócrates aprovou uso de Lajes em segredo para voos de Guantánamo - TVI

WikiLeaks: Sócrates aprovou uso de Lajes em segredo para voos de Guantánamo

Telegramas foram revelados pelo jornal espanhol «El País»

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Última actualização às 00:12 de quinta-feira

José Sócrates e Luís Amado deram autorização em segredo ao uso da base das Lajes, na Ilha Terceira, para o repatriamento de prisioneiros do centro de detenção norte-americano de Guantánamo. Esta informação foi avançada pela edição electrónica do jornal espanhol «El País», com base em telegramas diplomáticos dos EUA que lhe foram disponibilizados pela WikiLeaks.

Nos telegramas estão expostas as pressões por parte dos EUA sobre o Governo português, assim como a cedência deste.

«Sócrates concordou com a permissão da repatriação de combatentes inimigos desde Guantánamo através da base aérea das Lajes caso por caso», lê-se num dos telegramas do embaixador norte-americano em Lisboa, Alfred Hoffman, com a data de 7 de Setembro de 2007, que foi enviado para Washington.

«Esta foi uma decisão difícil, dado o constante criticismo dos media portugueses e dos elementos esquerdistas do seu próprio partido sobre a forma como o governo têm lidado com os voos de rendição da CIA. A concordância de Sócrates nunca foi tornada pública», refere ainda o documento.

Num outro telegrama, de 2006, era já então dado conta que Hoffman se teria encontrado com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e abordado este tema. «O ministro disse que iria pressionar com o primeiro-ministro para permitir que as Lajes sejam usadas como um ponto de trânsito na repatriação de detidos de Guantánamo», lê-se no documento, em que é sublinhado que Amado, ouvido pelo Parlamento, disse não ter «conhecimento de qualquer voo da CIA em/sobre Portugal».

Neste mesmo telegrama é ainda assinalado que «Amado é muito pró-americano e extremamente acessível». «Ele foi fortemente apoiante do nosso pedido para usar as Lajes como um ponto de reabastecimento/trânsito para os detidos de Guantánamo serem devolvidos aos seus países de origem e estava preparado para pressionar o primeiro-ministro para uma resposta rápida e positiva, desde que continuemos a ser completamente transparentes com o Governo de Portugal sobre estes voos», lê-se no telegrama.

Já num outro, é explicado que o ministro dos Negócios Estrangeiros deu «luz verde» aos voos desde Guantánamo . «Amado concordou em permitir a repatriação de prisioneiros através da base aérea das Lajes caso por caso e sob circunstâncias limitadas. Esta foi uma decisão difícil dado o constante criticismo por parte dos media portugueses e elementos esquerdistas do seu partido», lê-se, com mais um detalhe: «A concordância de Amando nunca foi tornada pública».

Em reacção, o ministério dos Negócios Estrangeiros disse esta quarta-feira que o ministro já deu todas as explicações sobre este tema.

O «El País» cita ainda um telegrama de Janeiro de 2007, em que o então assessor diplomático de Sócrates, Jorge Roza de Oliveira, terá descrito ao embaixador dos EUA a eurodeputada socialista Ana Gomes (que se tem empenhado na clarificação da eventual passagem de voos da CIA por Portugal) como «uma senhora muito excitada que é pior do que um rottweiler solto».

Esta quarta-feira, em declarações à agência Lusa, Jorge Roza de Oliveira recusou a autoria desta afirmação. Disse ainda que nunca teve conhecimento «oficial ou oficioso dessa história» referente a voos com prisioneiros de Guantánamo.
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