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Casa Pia: onde estão os miúdos

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Grande reportagem: Faz cinco anos que o país acordou para a realidade da pedofilia e para o pesadelo das crianças. Como estão aquelas vítimas cinco anos depois? O que fizeram ao dinheiro da indemnização? O que esperam do julgamento que dura há três anos? Querem seguir em frente, «mas este malvado processo nunca mais acaba»

Tens sonhos? «Tenho. Casar, ter os meus filhos e ser feliz». André é um nome escolhido ao acaso, mas que veste um corpo, de 23 anos, marcado por dezenas de abusos sexuais enquanto aluno da Casa Pia de Lisboa.

«Eles procuram a felicidade acima de tudo, de uma forma muito mais absoluta» do que nós, explica ao PortugalDiário o advogados das vítimas do processo, Miguel Matias.

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«Se soubesse, não teria falado»

Casa Pia: «Outro Bibi»

Pedroso: duas razões para ter sido implicado

Dia 22 de Novembro de 2007 faz cinco anos que uma notícia bombástica deixou o país em choque. Três dias depois, a 25 de Novembro, um funcionário da Casa Pia - «Bibi» - foi detido pela Polícia Judiciária. Dois anos depois, também a 25 de Novembro, mas em 2004, sete arguidos sentaram-se no banco dos réus acusados de pedofilia e abuso sexual de menores. Estamos em 2007 e o julgamento ainda não acabou.

Como estão as vítimas cinco anos depois? O que esperam do processo? O que fizeram à indemnização que receberam do Estado português? O PortugalDiário foi atrás das respostas.

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«Eles estão mais crescidos como é obvio», reconhece Miguel Matias, «mas são pessoas que continuam a sofrer e que não vêem a sua vida resolvida. Continuam com um futuro adiado».

Para o advogado, estes jovens são «muito frágeis. Tentam ser adultos, mas ainda são muito crianças. Não conseguem equilibrar as suas emoções, a razão e a capacidade de ser ou de agir».

Catalina Pestana, ex-provedora da Casa Pia de Lisboa, conhece melhor que ninguém estes jovens: «As vítimas não são um grupo homogéneo. São pessoas independentes e irrepetíveis. Agrupam-se em atitudes parecidas».

Mas cinco anos depois a ex-provedora consegue encontrar três tipos distintos de vítimas. «Poucos - seis ou sete - amadureceram. Não esqueceram, mas integraram as experiências e ultrapassaram. Esses são os que tinham, apesar de tudo, um resíduo familiar».

«Explosão de vida sexual»

«Depois há aqueles que estavam muito perturbados, porque os abusadores ou angariadores os convenceram que eram homossexuais. Quando descobriram que não eram, tiveram uma explosão na sua vida sexual - heterossexual - e foram excessivos, sem controlo. Estão quatro bebés para nascer», refere Catalina Pestana. Apesar de não saber se eles têm maturidade para cuidar de uma criança, reconhece que lhes dá «um motivo para continuar vivos. Estão felizes. E desejam ser bons pais».

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No entanto, a maioria dos jovens, segundo a ex-dirigente da instituição, «não poderá viver sem apoio psiquiátrico e social». E justifica: «Têm períodos equilibrados, como um "planalto", mas de um momento para o outro caem a pique. Retomar a vida é muito difícil. É quase começar da estaca zero».

«Situações excepcionais tratam-se de forma excepcional»

Catalina defende que após pagar as indemnizações «o Estado não pode lavar as suas mãos. Porque situações excepcionais tratam-se de forma excepcional». Ou seja, se para alguns o dinheiro «foi suficiente para reencaminharem a vida, há outros cuja perturbação é tão profunda que não precisam dele. O dinheiro até pode ser mau. Estes são os que precisam de apoio para sempre».

Leia o resto da reportagem aqui. «Se soubesse, nunca teria falado»

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