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Bebé de Penafiel: Alice «é um caso fascinante»

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Psiquiatras acreditam que a alegada raptora não é uma delinquente

Alice, a mulher que raptou a bebé de Penafiel, «é um caso fascinante» que qualquer psiquiatra gostaria de estudar. A opinião de Carlos Alberto Poiares, director do Departamento de Psicologia dos Comportamentos Desviantes da Universidade Lusófona, em Lisboa, é partilhada pelos seus colegas Júlio Machado Vaz e José Eduardo Pinto da Costa.

O que leva uma mulher «calma, pacata, afectuosa, boa mãe e boa mulher» (os adjectivos são, naturalmente, de quem a conhece bem) a simular uma gravidez, raptar uma criança do hospital e levá-la para casa?

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Júlio Machado Vaz considera que este caso mostra, acima de tudo, que «as pessoas normais são capazes de fazer coisas anormais».

A história, que apenas conhece através dos media, revela que se tratou de um crime premeditado «e não de um impulso de momento».

O motivo invocado [a necessidade de segurar a relação amorosa] não justifica o crime. Mas o que se sabe da arguida é suficiente para que Machado Vaz afirme: «O gesto delinquente não transforma esta mulher numa pessoa delinquente e perigosa».

O facto de Alice ter referido em determinado altura «Ela agora já é minha filha», evidencia para o psiquiatra que a criança era amada como filha e que «provavelmente esta mulher continuaria a ser uma óptima mãe».

«Admito que tenha acreditado na própria mentira»

Carlos Alberto Poiares admite que Alice tenha acreditado «em algum momento» na própria mentira [Júlio Machado Vaz tem opinião diferente] e está ainda convencido de que a raptora «cometeu um acto delinquente, mas não revela uma estrutura delinquencial».

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E explica: «um delinquente prevê tudo aquilo de que precisa». Ora, neste caso, prossegue, «a senhora sabia que não podia registar a bebé, mas nem se preocupou em falsificar documentos. Em muitos momentos, terá acreditado na mentira criada».

As hipóteses avançadas careciam segundo Carlos Poiares de um levantamento pormenorizado da história de vida pessoal, profissional e familiar da arguida.

«Uma relação desequilibrada com o marido»

A relação desequilibrada com o marido parece evidente para os três psiquiatras ouvidos [«simula-se uma gravidez para fora, mas numa relação afectiva normal, o marido terá necessariamente de perceber», dizem].

A questão do filho como tábua de salvação para um relacionamento terá sido colocada numa fasquia tão elevada que evidencia necessariamente «uma perturbação da afectividade muito grande», refere Pinto da Costa.

Para este médico legista, com especialidade em psiquiatria, interessaria «ver a cara, os gestos desta mulher» e inclusivamente recolher dados mais íntimos como, por exemplo, «a data da primeira menstruação».

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E explica: «As mulheres menstruadas muito cedo desenvolvem mais depressa processos de menopausa». As disfuncionalidades hormonais que lhes estão associadas podem alterar muito o comportamento de uma mulher.

Não obstante, parece evidente para Pinto da Costa que se tratou «de uma perturbação determinada e constante», de um comportamento «demasiado calculista» para que se admita a desresponsabilização da arguida. Um cenário de inimputabilidade parece afastado para os três psiquiatras ouvidos.

O médico legista acredita, ainda, «que esta senhora nunca mataria a criança. Podia tê-lo feito, simulando uma morte natural, quando começou a ser apertada pela família, e não o fez», refere ainda Pinto da Costa, que remata: «Vai ser curioso verificar a forma como esta mulher agirá daqui em diante».

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